Game sci-fi era desenvolvido desde 2018 com motor próprio e reunia talentos de Elder Scrolls Online e Arkane Austin. Estúdio ZeniMax Online Studios sofre corte devastador e perde até seu diretor.
Em mais um golpe brutal à indústria de games, a Microsoft cancelou oficialmente um MMO inédito desenvolvido pela ZeniMax Online Studios, estúdio responsável por The Elder Scrolls Online. O projeto, que era mantido sob o codinome Blackbird, foi encerrado abruptamente e toda a equipe envolvida – composta por várias centenas de profissionais – foi demitida.
A decisão veio à tona em meio à onda de demissões massivas que atingiu cerca de 9.100 funcionários da Microsoft, incluindo milhares ligados diretamente à divisão de games da empresa. Entre os afetados estão trabalhadores da Xbox Game Studios, ZeniMax Online, Rare, Blizzard, e até mesmo nomes consagrados da indústria como Brenda e John Romero, que perderam o financiamento de seu projeto.
Um projeto ambicioso… e agora extinto
Segundo fontes ouvidas pelo IGN, Blackbird era uma nova IP de ficção científica que estava em desenvolvimento desde 2018. O título era ambicioso: além de apostar em um novo universo sci-fi, o MMO estava sendo criado com um motor gráfico proprietário, desenvolvido do zero pela ZeniMax. Por isso, o ritmo de produção mais lento era considerado aceitável internamente.
A expectativa era alta. No ano passado, a Xbox havia aprovado a expansão da equipe, realocando desenvolvedores de outros projetos, incluindo The Elder Scrolls Online e até profissionais remanescentes do estúdio Arkane Austin, fechado em 2024 após o lançamento de Redfall. Tudo indicava que Blackbird estava pronto para entrar em plena produção.
Fontes revelaram ao IGN que o próprio Matt Booty, chefe do Xbox Game Studios, chegou a dizer em reuniões que os fechamentos de Arkane Austin, Tango Gameworks e Alpha Dog Games tinham o objetivo de “realocar talentos” para projetos mais promissores – Blackbird incluído.
Mas essa promessa foi desfeita em silêncio.
Demissões repentinas e comunicação falha
Os funcionários da ZeniMax Online Studios, com sede em Cockeysville, Maryland (EUA), foram surpreendidos. A maioria só soube da demissão depois de perder o acesso ao Slack e outras ferramentas internas, antes mesmo de serem oficialmente informados pelo departamento de recursos humanos.
O impacto emocional foi devastador. “Estamos no escuro”, relatou uma fonte. “Sabíamos pelas notícias que haveria cortes, mas ninguém esperava algo dessa magnitude.”
Além da equipe de Blackbird, praticamente todo o estúdio ZeniMax Online foi atingido, e o diretor Matt Firor – responsável por The Elder Scrolls Online – renunciou ao cargo.
Um colapso generalizado na divisão Xbox
O cancelamento de Blackbird não foi um caso isolado. O IGN confirmou que outros projetos e estúdios foram fortemente afetados nesta nova reestruturação:
- Perfect Dark, título em desenvolvimento pela The Initiative, foi cancelado, e o estúdio já não existe mais.
- A Rare cancelou oficialmente Everwild, e seu veterano designer Gregg Mayles está de saída.
- A Blizzard encerrou o suporte a Warcraft Rumble.
- O projeto da Romero Games, financiado pela Xbox, perdeu o apoio financeiro, e seu futuro agora está indefinido.
- A King, desenvolvedora de Candy Crush, também foi duramente atingida pelas demissões.
O cenário é agravado por um histórico recente de cortes sucessivos. Em janeiro de 2024, a Microsoft demitiu 1.900 funcionários. Em maio de 2025, foram mais 6.000. E agora, outros 9.100, somando mais de 17 mil demissões em pouco mais de um ano.
Indústria em crise, comunidade em choque
As demissões em massa e o cancelamento de projetos promissores como Blackbird acendem um alerta sobre os rumos da divisão de games da Microsoft. Uma empresa que, nos últimos anos, adquiriu gigantes como Bethesda e Activision Blizzard, agora parece estar recuando agressivamente em seus investimentos criativos.
O futuro de franquias como The Elder Scrolls Online, Fable, Avowed e outros títulos ainda em desenvolvimento permanece incerto diante da nova onda de cortes.
Enquanto isso, a comunidade de desenvolvedores, jogadores e críticos lamenta a perda de um projeto promissor e o impacto humano causado por decisões corporativas que, mais uma vez, parecem priorizar balanços financeiros em detrimento da criatividade e da estabilidade de seus talentos.
