Análise de Mercado
O Bitcoin (BTC) continua a surpreender o mercado ao manter sua trajetória de alta, mesmo diante de um cenário global carregado de incertezas. Em meio às tensões geopolíticas no Oriente Médio, à volatilidade nos preços do petróleo e ao adiamento de cortes de juros pelo Federal Reserve dos Estados Unidos, a criptomoeda líder do mercado conseguiu retomar o patamar dos US$ 108.000 nesta segunda-feira (21).
Traders mantêm confiança, apesar das turbulências geopolíticas e macroeconômicas
A recuperação do BTC vem após um breve recuo no fim de semana, quando testou o suporte dos US$ 104.000. O cenário global, que inclui o agravamento de conflitos na região do Oriente Médio e a escalada nos preços de energia, poderia ter provocado aversão ao risco. No entanto, as métricas do mercado de derivativos e os fluxos para ETFs indicam o contrário.
O prêmio anualizado dos futuros de Bitcoin de 30 dias, segundo dados da Laevitas.ch, está atualmente em 5%, nível considerado básico para um mercado neutro. Mesmo abaixo dos 8% registrados no final de maio, o índice manteve-se estável, sinalizando que o mercado segue resiliente e sem sinais claros de pânico, mesmo durante o recente teste do suporte dos US$ 101.000, ocorrido em 5 de junho.
Fluxos positivos nos ETFs de BTC spot reforçam o otimismo
Outro fator que impulsionou a recuperação do Bitcoin foi o fluxo robusto de capital para os ETFs de Bitcoin à vista (spot) listados nos Estados Unidos. Na última sexta-feira, os fundos registraram uma entrada líquida de US$ 301,7 milhões, segundo dados da CoinGlass.
Além disso, a gestora Strategy anunciou na segunda-feira uma nova alocação de US$ 1,05 bilhão em Bitcoin, ação que contribuiu para reduzir os temores de recessão e aliviar as preocupações com os efeitos econômicos negativos do conflito no Irã, um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Petróleo, Nasdaq e o efeito cruzado no mercado de criptomoedas
O preço do petróleo, outro termômetro de risco global, teve forte oscilação. Os contratos futuros do West Texas Intermediate (WTI) chegaram a atingir US$ 78 por barril no domingo, mas recuaram para cerca de US$ 71,50 na segunda-feira. Essa correção coincidiu com uma recuperação de 1,5% nos futuros do Nasdaq, refletindo uma percepção de que as tensões no Oriente Médio podem estar se estabilizando, segundo análise do Yahoo Finance.
Riscos à frente: Energia cara e Fed mais conservador
Apesar do otimismo recente, o caminho do Bitcoin até uma nova máxima histórica acima dos US$ 112.000 ainda enfrenta obstáculos. O aumento nos custos de energia, impulsionado pela alta do petróleo, pode pesar sobre a mineração e a confiança dos investidores.
Além disso, o Federal Reserve parece cada vez menos inclinado a cortar os juros ainda este ano. Dados do CME FedWatch apontam que os traders agora veem 63% de chance de as taxas permanecerem acima de 4% até novembro, número superior aos 56% registrados há apenas um mês.
Mercado de opções reforça o clima de neutralidade
O sentimento de neutralidade também é evidente no mercado de opções de Bitcoin. A inclinação delta de 25% das opções de BTC (put-call) caiu para 1% nesta segunda-feira, após atingir 6% no domingo. Em termos simples, isso indica que a demanda por proteção de baixa diminuiu, o que geralmente é interpretado como um sinal de que os traders não estão prevendo quedas acentuadas no curto prazo.
Próxima resistência: US$ 112.000
Com o Bitcoin agora sendo negociado apenas 4% abaixo da máxima histórica de US$ 111.965, registrada em 22 de maio, o mercado segue atento aos desdobramentos geopolíticos e econômicos. A incapacidade dos vendedores (ursos) de provocar quedas significativas mesmo diante de um ambiente global tão conturbado pode abrir espaço para uma nova pernada de alta.
Ed Yardeni, da Yardeni Research, também destacou outro fator de risco: o aumento das tensões comerciais entre os EUA e a China. Yardeni afirmou nesta segunda-feira que o presidente Donald Trump “não parece tão disposto a recuar da guerra comercial quanto se esperava”, indicando que a volatilidade pode continuar nos próximos meses.
Conclusão
O cenário para o Bitcoin permanece desafiador, mas o comportamento do mercado até agora sugere uma base sólida de suporte, alimentada por fluxos institucionais e um ambiente técnico favorável. Se os temores geopolíticos e macroeconômicos diminuírem, o BTC pode testar novas máximas em breve.