O mercado de criptomoedas voltou a ser sacudido neste domingo após um flash crash do Bitcoin (BTC), que despencou mais de 2% em menos de dez minutos. Segundo o analista e bitcoiner Willy Woo, a pressão vendedora exercida pelas chamadas “baleias OG” — investidores que acumularam BTC nos primórdios da moeda — pode ser a principal responsável pela lenta valorização do ativo neste ciclo.
Baleias antigas dificultam a alta do Bitcoin
De acordo com Woo, essas baleias adquiriram seus Bitcoins em 2011, quando o preço não passava de US$ 10 por unidade. Hoje, cada movimento de venda exige um capital enorme para ser absorvido pelo mercado.
“O suprimento de BTC está concentrado em baleias OG que atingiram o pico de suas posses em 2011. Essa diferença no custo médio, o suprimento que elas detêm e a taxa com que vendem tem impactos profundos sobre quanto capital novo precisa entrar para elevar o preço”, afirmou Willy Woo em publicação no X (antigo Twitter).
Woo estima que atualmente são necessários mais de US$ 110.000 em novo capital para absorver cada Bitcoin que essas baleias despejam no mercado.
Flash crash leva BTC a US$ 112 mil
O impacto foi sentido rapidamente no domingo (24). O Bitcoin caiu de US$ 114.666 para US$ 112.546 em apenas nove minutos, chegando a tocar o fundo de US$ 112.174, segundo dados da CoinGecko.
O movimento coincidiu com relatos de que uma grande baleia estava rotacionando parte de suas reservas de BTC para Ether (ETH), numa operação de mais de US$ 2 bilhões.
O ETH também foi atingido pela volatilidade, caindo 4% no mesmo intervalo, mas ambas as criptomoedas conseguiram recuperar parte das perdas posteriormente.
Estratégia lucrativa: de BTC para ETH
Segundo o analista cripto MLM, a baleia realizou um movimento estratégico: transferiu 24.000 BTC (US$ 2,7 bilhões) para a plataforma descentralizada Hyperliquid.
Desses, 18.142 BTC (US$ 2 bilhões) foram vendidos e convertidos em 416.598 ETH.
Aproximadamente 275.500 ETH (US$ 1,3 bilhão) foram colocados em staking, sugerindo uma aposta de longo prazo.
Além disso, a baleia abriu posições long em 135.263 ETH, alcançando uma exposição total superior a US$ 2,6 bilhões.
Essa estratégia resultou em um lucro de US$ 185 milhões no par ETH/BTC, ao antecipar os movimentos de outros traders que reagiram às compras massivas de Ether.
Quando a baleia começou a encerrar suas posições, uma cascata de ordens de venda foi acionada, ampliando o efeito de queda no mercado.
“Ele basicamente antecipou as pessoas que estavam tentando antecipá-lo”, explicou MLM no Telegram.
Mais BTC pode ser despejado
O alerta para o mercado é que a pressão pode não ter acabado. O analista Sani, fundador do TimechainIndex.com, revelou que a mesma baleia ainda detém 152.874 BTC em outros endereços, provenientes da antiga exchange HTX (Huobi), onde estavam parados por cerca de seis anos.
Outro grande investidor também seguiu a mesma tendência na última semana, vendendo 670 BTC (US$ 76 milhões) para abrir posições long em ETH, reforçando a narrativa de que algumas baleias estão apostando na valorização do Ethereum neste ciclo.
Ethereum supera Bitcoin em performance recente
Enquanto o BTC luta para sustentar níveis acima de US$ 110 mil, o Ethereum valorizou 220% desde abril, quando estava em US$ 1.471, ganhando espaço contra Bitcoin e Solana (SOL).
Esse movimento reforça a percepção de que as baleias OG podem estar reduzindo sua exposição ao BTC para buscar maiores retornos no ETH e em outras altcoins, impactando diretamente a dinâmica de oferta e demanda do Bitcoin.
Conclusão
As baleias OG de Bitcoin continuam a exercer forte influência sobre o mercado, ditando momentos de alta volatilidade e dificultando uma ascensão mais fluida do BTC. A rotação de capital para o Ethereum indica não apenas uma mudança estratégica de longo prazo, mas também pode representar um novo equilíbrio de forças entre os principais criptoativos.
Para investidores, o cenário é de cautela: enquanto o Bitcoin enfrenta pressão vendedora histórica, o Ethereum parece ser o destino preferido das grandes movimentações neste ciclo.
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