Análise de mercado
A força recente do preço do Bitcoin (BTC) está sendo sustentada por três pilares principais: saques massivos de moedas em exchanges centralizadas, forte entrada de capital nos ETFs de Bitcoin à vista e a crescente adoção da criptomoeda como hedge financeiro contra incertezas macroeconômicas.
Atualmente cotado próximo de US$ 116.000 (R$ 636.493), o BTC opera em uma faixa estreita de apenas 2,3% desde sexta-feira. Investidores aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros nesta quarta-feira, mas mesmo que o impacto imediato seja modesto, há fatores estruturais que podem empurrar o preço rumo aos US$ 120.000.
Saques em exchanges reduzem a oferta de BTC disponível
Segundo dados da Glassnode, somente em setembro houve uma retirada líquida de 44.000 BTC de exchanges centralizadas, revertendo a tendência de depósitos vista em julho.

Com menos moedas prontamente disponíveis para negociação, a liquidez imediata diminui, reduzindo a pressão de venda no curto prazo. Hoje, cerca de 2,96 milhões de BTC permanecem em exchanges, mas grande parte deles não está efetivamente nos livros de ordens, já que muitos usuários mantêm moedas paradas por conveniência ou para usufruir de rendimentos e taxas reduzidas.

Esse movimento cria um ambiente de escassez artificial, capaz de sustentar preços mais altos caso a demanda continue crescente.
ETFs de Bitcoin à vista registram entradas bilionárias
Outro fator de peso vem dos ETFs de Bitcoin listados nos EUA. Entre quarta-feira e segunda-feira, esses fundos receberam US$ 2,2 bilhões em entradas líquidas, volume que representa mais de 10 vezes a quantidade de novos Bitcoins minerados por dia.
Essa demanda persistente cria uma pressão de compra diária que absorve com folga a nova oferta gerada pela mineração. Além disso, o desempenho dos ETFs de Bitcoin se mostrou mais atrativo do que o ouro, que valorizou 11% desde agosto.
O fluxo institucional via ETFs é um dos principais motores que sustentam a narrativa de que o BTC pode superar os US$ 120.000 no curto prazo.
Bitcoin ganha força como “novo ouro”
Em entrevista à CNBC, Eric Trump — cofundador da empresa de mineração American Bitcoin (ABTC) e investidor pessoal em BTC — chamou a criptomoeda de “o maior ativo do nosso tempo”, comparando-a diretamente ao ouro.
Segundo ele, o Bitcoin funciona como hedge moderno contra riscos do setor imobiliário e instabilidades financeiras globais. Esse tipo de discurso reforça a legitimidade do BTC como ativo de proteção, especialmente em momentos de aperto de liquidez no mercado tradicional.
O papel do Federal Reserve na próxima movimentação do BTC
Os mercados de títulos já precificam uma probabilidade de 96% de que o Fed reduza a taxa de juros de 4,5% para 4,25%.
Embora um corte modesto possa não gerar grandes movimentos imediatos no Bitcoin, as declarações do presidente Jerome Powell na coletiva de imprensa serão cruciais para determinar a trajetória da política monetária. Caso a inflação siga como risco relevante, o caminho do BTC até os US$ 120.000 pode encontrar resistência.

Um dado preocupante surgiu nesta semana: bancos dos EUA tomaram US$ 1,5 bilhão da linha de recompra permanente (Standing Repo Facility) do Fed, sinalizando dificuldades de financiamento no curto prazo. Esse aperto já elevou as taxas de empréstimo overnight para 4,42%, o maior nível em dois meses.
Perspectiva para os próximos meses
Enquanto o ouro atingiu uma máxima histórica na terça-feira, o Bitcoin mostra que pode seguir um caminho semelhante.
Mesmo em meio à incerteza sobre as taxas de juros, três fatores sustentam o otimismo do mercado:
- Redução da oferta líquida em exchanges.
- Entradas massivas em ETFs à vista.
- Crescimento da percepção do BTC como hedge financeiro independente.
Esses elementos combinados reforçam a tese de que o Bitcoin pode ultrapassar US$ 120.000 nos próximos meses, consolidando ainda mais sua posição como um dos ativos mais relevantes da era digital.
Aviso importante: Este artigo é para fins informativos e não deve ser interpretado como recomendação de investimento. O mercado de criptomoedas é volátil e envolve riscos significativos.

