Radar Altcoin | Por Lucas Investidor
O token nativo da Solana, o SOL, registrou um salto de 7% nesta segunda-feira (11), atingindo US$ 161, impulsionado pela notícia do lançamento de um novo ETF com recursos de staking. No entanto, apesar do otimismo inicial, os fundamentos ainda levantam dúvidas sobre a sustentabilidade dessa valorização.

🚀 O que motivou a alta do SOL?
A fornecedora de ETFs REX Shares, em parceria com a Osprey Funds, anunciou que lançará o primeiro ETF de Solana com staking na próxima quarta-feira. Esse fundo foi estruturado como uma C-Corp tributável, contornando o tradicional processo de aprovação da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) — uma abordagem mais rápida e frequentemente usada em setores como energia.
A princípio, o mercado reagiu com entusiasmo, impulsionando o SOL de US$ 150 para US$ 161, antes de recuar levemente para US$ 157. A expectativa era de que o produto financeiro atrairia maior demanda institucional, talvez até preparando o terreno para uma corrida em direção aos US$ 200.
🧾 Diferenças cruciais entre ETFs de SOL e os de BTC/ETH
Diferente dos ETFs spot de Bitcoin e Ethereum, já aprovados pela SEC, o ETF da Solana segue um modelo menos eficiente em termos fiscais, pois a receita de staking será tributada duas vezes: no nível corporativo e no nível do investidor.
Além disso, vale lembrar que o Grayscale Solana Trust (GSOL), que está no mercado há mais de dois anos, possui apenas US$ 75 milhões em ativos sob gestão, contra os US$ 10 bilhões do Ethereum Trust um mês antes da aprovação do ETF de ETH. Esses números indicam que o interesse institucional por SOL ainda é tímido, mesmo com o novo produto oferecendo staking.
⚠️ Pressões negativas: desbloqueios e vendas por DApps
Apesar do cenário aparentemente otimista, existem fatores estruturais que podem limitar a continuidade da alta do SOL:
- Desbloqueios de staking: Cerca de US$ 585 milhões em SOL devem ser liberados nos próximos dois meses, segundo dados da DefiLlama. Isso aumenta o risco de pressão vendedora no mercado.
- Venda por DApps: Algumas aplicações descentralizadas construídas na Solana estão liquidando suas reservas de SOL. Um exemplo notório é a plataforma Pump, que transferiu mais de US$ 404 milhões em SOL para exchanges somente em 2025, segundo o portal Onchain Lens.
📊 Sinais técnicos e atividade on-chain
Apesar de um ganho acumulado de 12,5% em quatro dias, os dados dos futuros de SOL mostram que o entusiasmo dos traders ainda é contido. A taxa de financiamento anualizada — indicador da força da demanda por posições compradas alavancadas — permanece abaixo dos 10%, o que indica falta de convicção do mercado para uma alta mais robusta.
Além disso, a atividade on-chain da Solana continua fraca. Mesmo com o hype das memecoins, a receita da rede caiu mais de 90% desde janeiro, refletindo um desinteresse generalizado dos usuários e desenvolvedores.
🔁 Concorrência e perda de protagonismo
A Solana também vem perdendo espaço como principal infraestrutura para aplicações descentralizadas:
- A Robinhood optou por lançar negociação de ações tokenizadas em uma camada 2 da Ethereum, em vez da Solana.
- A Coinbase firmou parceria com a Shopify para pagamentos on-chain na Base, uma blockchain que se liquida na Ethereum.
Esses movimentos indicam que grandes players do mercado estão preferindo outras soluções para escalar seus produtos, o que enfraquece o argumento de que a Solana teria uma vantagem tecnológica duradoura.
📉 Conclusão: Alta limitada?
Embora o lançamento do ETF de Solana tenha causado uma alta pontual no preço do SOL, o cenário macro não favorece uma escalada para US$ 200 no curto prazo. A combinação de:
- Baixa demanda institucional,
- Concorrência crescente,
- Atividade on-chain fraca,
- E pressão vendedora por desbloqueios e vendas de DApps,
torna improvável que o entusiasmo inicial se converta em uma tendência de alta sustentável.
O preço do SOL segue 47% abaixo de sua máxima histórica de US$ 295, e ainda não há sinais consistentes de que os fundamentos irão melhorar nas próximas semanas. Para os investidores, o momento exige cautela e avaliação estratégica, especialmente diante da volatilidade que continua a dominar o mercado de altcoins.